Este é um guia sobre como criar um bom site para políticos e para campanha política. Dividi em dois tópicos porque o momento eleitoral tem particularidades diferentes de um cotidiano de mandato ou ativismo. Ainda que em ambos os casos o site sirva para o mesmo fim: falar com as pessoas sobre seu trabalho.
Pra que serve um site?
Tudo que existe na internet são sites. Aplicativos são sites. Blogs são sites. Google, Facebook, Tinder e Instagram, todos são sites. Ou seja, um lugar que reúne informações, permite a sua troca e faz com que aplicações trabalhem.
Quando nos focamos nos sites com aplicações relativamente mais simples, como é o caso são os blogs, portais de notícias, lojas virtuais, sites de notícias, ou mesmo um site para políticos ou para campanha política, temos 2 funções mais proeminentes:
- VENDAS: seja a venda de um produto ou serviço físico ou visual, com finalidade de troca de valores, por exemplo: utensílios de casa, materiais escolares, cursos online, passagens de avião, etc.
- ARMAZENAMENTO: Reunião de informações, dados, mídias em um único local, como por exemplo os sites de notícias, com suas bibliotecas de artigos separados por temas e cronologicamente, ou o Youtube, com seu catálogo de vídeos.
- COMUNICAÇÃO: a finalidade primordial da internet, com usuárias e usuários tendo a possibilidade de trocar mensagens diretas, de forma rápida e ágil.
Seja qual for o tipo de site que você for construir, invariavelmente ele terá uma, duas ou todas essas características combinadas.
Resumão da história recente do uso da internet no Brasil
Eu considero o ano de 2012 como um marco na internet no Brasil. Foi quando o Facebook se tornou uma ferramenta popular no Brasil, destronando o (falecido) Orkut, que vinha, desde 2004, criando a ideia de “rede social” na cabeça das pessoas.
O Facebook pode ter sido o primeiro site de uso de muitos usuários. E para muita gente, era “a internet”, como se não existissem outros sites para se olhar na web. Essa capacidade de manter os usuários por ali durante horas de uso concentrou a audiência num ponto só.
Como consequência, esse monopólio da atenção “quebrou” vários sites, fazendo com que marcas comerciais, que antes investiam em seus próprios websites, agora revertessem esse investimento de tempo e dinheiro na própria página da rede social.
E assim, o site pessoal foi perdendo relevância para as pessoas. Quando o Instagram se popularizou, apenas tomou o lugar do Facebook. O hábito já estava criado e institucionalizado entre as pessoas.
Entretanto, com o advento da “digitalização” dos cidadãos, crescimento das compras e vendas online, comunicação e mais diversos aplicativos na vida cotidiana, aos poucos foi-se compreendendo que existia mais “internet” fora das redes sociais.
Com o uso crescente, outras atividades ganharam mais importância no ambiente digital. Uma delas, o tema do nosso post: campanhas eleitorais! A participação política de toda a sociedade foi ampliada, chegando a diferentes espectros sociais e etários. O marco foi 2018, o grande ano da virada sobre o entendimento da importância das ações digitais e seus resultados consistentes.
Como iniciar um site
Uma pessoa política não é, necessariamente, é um cidadão com mandato eletivo. Podem ser ativistas, articuladores sociais, gente com trabalho que pode ou não dar condições para se pleitear uma candidatura no futuro. Mas uma coisa todos estes têm em comum: atividades políticas reconhecidas. No bom popular: “tem que ter peixe pra vender”.
A tarefa pode ser desafiadora. Mas com as ferramentas certas, é possível criar um site eficaz que ajude a aumentar a visibilidade e se conectar com possíveis eleitores. A seguir, um guia passo a passo para criar um site para políticos ou campanha política:
- Registre um domínio: talvez a parte que mais consuma tempo, em algumas equipes. Não pelo tempo de pagamento e autorização do Registro.br, mas pela decisão do nomedodomínio.com.br que se irá registrar. A dica é sempre ir no óbvio.
- Escolha a plataforma 1: Existem várias plataformas de hospedagem disponíveis. Algumas são pagas, como Squarespace e Wix, por exemplo, nas quais você paga um valor e tem o seu site funcionando e construído com o sistema deles. A vantagem é que são plataformas, relativamente, mais simples de se usar. Porém, há algumas limitações.
- Escolha a plataforma 2 + Hospedgem: Há outros casos onde a plataforma é gratuita, como o WordPress, mas que exige uma hospedagem para funcionar, como Hostinger e Hostgator, por exemplo. Exige conhecimento em programação, o que pode onerar o orçamento. Entretanto, há mais liberdade para o site se flexibilizar.
Eu construo sites para políticos e para campanhas políticas com esse último modelo. Penso que há mais liberdade para criar e gerar mais propostas de valor com o site.
Crie o Conteúdo Base
Um conteúdo base é tudo aquilo que precisa estar num site para político ou para pessoas em geral. A seguir, a lista ponto a ponto daquilo que é necessário criar.
- Texto sobre a pessoa: Se o site é sobre aquela pessoa, suas ideias e atividades, é fundamental que se saiba quem ela é. Gosto de dividir essa tarefa em suas partes: a 1ª é um texto completo com a trajetória da personagem até ali; e a 2ª parte é um parágrafo resumido como bio de redes sociais, para o site e até para outras peças que por ventura tenham que ser produzidas.
- Contatos: é importante que haja todas as formas de contato disponíveis no site. Seja via redes sociais, telefone, link para o whatsapp (o que estimula bastante a interação) e o clássico formulário que envia mensagem direto para um email.
- É legal ter um Blog: até porque, será por ele que você vai produzir conteúdo que pode ser ranqueado no Google, via palavras-chave que tenham a ver com o trabalho da pessoa em questão. Esse é o tipo de seção que não tem fim, só início.
Você não é dono do seu Instagram! Use seu blog.
Em resumo, ter um blog no site é a forma de registrar tudo o que você produziu sem depender de outras plataformas. Instagram não é seu. Twitter não é seu. Facebook não é seu. Aliás, qualquer outra rede social que apareça, se a sua conta for denunciada ou entrar em descompasso com as políticas e diretrizes de uso, adeus conta! Adeus seguidores.
Como redes sociais dão bastante resultado a curto prazo, é natural que o meio político se encante com elas. Afinal, o imediatismo é muito intenso entre políticos. Especialmente, num país com eleições bianuais que movimentam todo o país.
O blog no site é ao contrário: a ferramenta permite que se crie um estoque de conteúdo pensando a médio/longo prazo. Sabe aqueles eventos importantes que você participou, os inícios de obras e os equipamentos públicos entregues? Tudo se encontrado e creditado a você no seu site.
Para políticos ou ativistas que estão fora dos grandes centros urbanos, com veículos de comunicação de menor porte, existe a tendência, inclusive, do seu próprio site virar um veículo de comunicação com a mesma relevância de um jornal local, por exemplo.
Se já tem um site, não mude o domínio nem exclua o conteúdo
Obs.: A menos que você tenha passado por alguma mudança forte e realmente precise mudar.
É evidente que um website criado para pessoas em pré-candidaturas ou em mandatos pode ser reaproveitado para uma campanha eleitoral. Afinal, o coração do site não terá grandes alterações.
Uma prática que penso ser extremamente desnecessária é abandonar o domínio anterior, em troca de um que fale com a campanha. Exemplo: joaodasilva.com.br agora vai usar o joaodasilva98765.com.br, com o número de urna. Esse movimento pode jogar no lixo a credibilidade conquistada pelo site, bem como as palavras-chave que ranqueam para ele.
Todo site tem uma nota dada pelo Google (e por outros buscadores). É o chamado PageRank. Quanto maior essa nota, mais credibilidade se tem com o buscador. Logo, começar um site com outro domínio, do zero, é abandonar também esse ranqueamento conquistado e o trabalho feito ao longo do tempo.
Diferenças entre criar um site para políticos e para campanha política
É claro que todas essas recomendações precisam ser olhadas do ponto de vista da legislação eleitoral vigente. O Brasil sempre muda suas regras eleitorais. E um desses problemas é a “campanha extemporânea”, ou seja, se o candidato fez campanha fora do período definido pelo TSE.
Logo, sempre de olho nas regras. Porque, mesmo que elas te soem razoáveis ou absurdas, são elas que devemos seguir. Dito isso, sigamos para as diferenças.
POLÍTICOS EM MANDATO, PRÉ-CANDIDATURA OU ATIVISTA
- Página Inicial: foto da pessoa, resumo da biografia, posts do blog, campos para contato, redes sociais, chamada para se inscrever e receber as notícias em primeira mão.
- Captação de contatos: a captação de contatos (também chamados de leads, no jargão do marketing) é um item de muita importância dentro do site. Pode ser com um banner popup clássico, com botão, ou da forma mais convidativa e eficiente: chame a pessoa para conversar com link para o whatsapp. Nesse último caso, é possível ter o contato telefônico de forma amigável, tendo o número registrado na agenda da pessoa e uma conversa para estabelecer um laço de confiança.
- Blog: o básico, com os registros das atividades e opiniões.
- Sobre: Essa é uma daquelas páginas que cada vez mais são engolidas pela página inicial. Explico: muita das vezes, para poupar o usuário de clicar em mais um link para saber quem é a pessoa apresentada no site, tornamos a página inicial num grande “sobre a pessoa”, algo que eu acho super válido. Entretanto, quando a pessoa tem uma história relevante, com detalhes importantes a serem exibidos, pode ser legal ter uma página “sobre” ou “biografia” contando essa jornada de um jeito mais épico, extenso e detalhado.
- Formulários para abaixo-assinados: como uma pessoa política, é natural que você esteja engajada em diversas causas. E um dos grandes mobilizadores sociais é convidar pessoas para abaixo-assinados que mostrarão à terceiros uma grande ação em conjunto. Ter formulários bonitos e bem formatados num site próprio aumenta a confiança entre a audiência, mostrando a seriedade e investimento do ativista ou político naquela atividade.
SITE PARA CAMPANHA POLÍTICA
O site para campanha política pode ter todas as características anteriores também. A maior diferença é no formato, uma vez que a função continua a mesma: vender ideias e gerar identificação com eleitores.
- Nome e número: a principal alteração significativa no conteúdo, uma vez que o site também será um panfleto da campanha.
- Doações: é possível que você tenha escolhido uma plataforma para reunir as doações individuais. Isso é o recomendável, inclusive, porque muitas delas auxiliam na prestação de contas. Voltando ao site, o importante é que o link para a plataforma de doação esteja explícito, com uma chamada que engaje pessoas para fazerem parte daquele momento importante. E nesse sentido, é importante lembrar que o site faz parte da embalagem do produto. E a “compra do candidato” é traduzida na doação. Esse ato identifica quem são os superfãs, os mais engajados, que precisam ser tratados de forma diferente, dado o valor da sua mobilização pró candidato.
- Captação de leads/contatos: Só repeti esse tópico aqui porque é o tipo de assunto que nunca pode sair da pauta na construção do site. Basicamente, não existe site político que não capte contato, nem que seja um link para o Whatsapp. Se alguém tentar te convencer do contrário, desconfie.
Último recado: se eleito, não esqueça seu site!
Esse é um erro clássico, que você pode ver em todos os sites de pessoas políticas que ganharam eleições. Muitas, simplesmente, esquecem do site, focando-se em mídias sociais, apenas. Um erro!
Nos últimos 12 anos, tivemos algumas eleições. Em algumas, com mídias sociais fortes, em outras, com elas engatinhando. Redes sociais nasceram e morreram. E nos próximos 12, muita coisa ainda pode mudar. Mas o básico, continua: site, email, número de telefone e endereço.
Logo, assim que a campanha acabar, o ideal é continuar com a alimentação do site. Publicou no Instagram? Joga no blog. Fez postagens no X (Twitter)? Reúna e lance no site. O seu acervo será o responsável por gerar o conteúdo que, ao longo do tempo, ampliará a nota do seu site, o pagerank. E numa crise futura, onde redes sociais estejam com problemas, você só terá as duas coisas de sempre em seu poder: seu Banco de Dados e Site.