Nesta terceira semana de outubro, vimos a notícia sobre os novos testes da tecnologia 5G nos aparelhos celulares. Entretanto, o usuário deve se perguntar: como isso seria possível no Brasil, se nem os aparelhos com 3G funcionam com perfeição?
Os problemas com 5G sejam os mesmos
A torcida é sempre para que a tecnologia avance. Mas, em termos práticos, existem algumas barreiras físicas que impedem até mesmo os avançados sistemas de prosperar.
No Brasil, é importante chamar a atenção para 2 fatores: demografia e geografia.
No primeiro caso, a questão demográfica apresenta desafios até mesmo para os bairros ricos do Rio de Janeiro. Lugares muito populosos podem ser rentáveis para as operadoras, mas ainda são desafiadores por conta desses motivos:
- Volume de sinal: Hoje temos 4G. Ainda sim, quando todos começam a usar os dados numa região que compartilha a mesma antena, a rede começa reclamar… as redes de celular também ficam congestionadas com o volume de dados. E, claro, se o 5G vier, mesmo com uma banda maior, os arquivos de dados tenderão a ser maiores, como vídeos em 4K ou com realidade aumentada, por exemplo;
- Cabeamento: em lugares onde os cabos estão enterrados, não conseguimos ver o que se observa nos postes com cabeamento aéreo. Hoje, com diversas operadoras, a confusão de fios nas ruas é um desespero. E apesar do sinal de celular parecer vir pelo ar, eles são providos por poderosas antenas locais, que se comunicam com outros sistemas através de… cabos. Trocar uma tecnologia pela outra não será fácil;
- Prefeituras: as licenças para implantação de antenas de celular são reguladas por órgãos municipais. E nem toda as prefeituras estão muito atentas a importância de um bom fornecimento de sinal nos municípios;
- Prédios: Ainda sobre antenas e lugares populosos, é fácil notar que elas ficam sobre os prédios das cidades. E nem sempre é muito fácil convencer os prédios a aceitar essas instalações;
Já quando o assunto é geografia, os desafios são vencer morros e elevações, que dividem muitas das cidades no Brasil. Especialmente as mais litorâneas. Ainda hoje, em cidades médias, é possível ter uma diferença absurda de sinal porque, com um planejamento territorial deficiente, não conseguimos ter o sinal – até mesmo de voz – distribuído de forma igual entre os bairros.
No caso das pequenas cidades, por conta de um volume menor de dados trafegados, a economia porca na instalação das antenas deixa o sinal fraco nas regiões distantes das emissoras. Isso, claramente, privilegia regiões nas cidades, não democratizando o acesso básico ao sinal de 3, 4 ou 5G.
Apesar de todas as análises futuras, precisamos lembrar sempre que nosso 4G foi eleito como um dos piores do mundo. Então, planejemos nossas estratégias digitais de hoje olhando para os cenários mais difíceis. Certamente, quando tudo melhorar nas redes, seremos os mais eficientes.